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sábado, 16 de maio de 2020

Cannabis

Uso medicinal da maconha é esperança contra convulsões, mas acesso ainda é dificultado.






A polêmica não vem de hoje. Embora a humanidade conviva com a Cannabis sativa (nome científico da maconha) há milênios e centenas de estudos sobre suas propriedades já tenham sido publicados, o assunto continua tabu. Ainda que por lei estejam previstos o cultivo e o uso para fins medicinais e científicos, não há no país regulamentação para o uso medicinal da planta, e na prática não há regras claras para definir em que condições ela pode ser manipulada. 
A CDKL5, doença que provoca desordem genética rara  atinge  centenas de crianças no mundo e cuja principal característica é o aparecimento de convulsões desde os primeiros meses de vida —  30 a 80 convulsões por semana atormentam pais e debilitam as crianças  que em sonsequenciaa vão a óbito. As convulsões causam alterações no desenvolvimento neurológico e não melhoram mesmo, quando a criança é medicada com  anticonvulsivantes.
 A maioria das crianças que tem a doença não consegue andar, falar ou sequer se alimentar.
Canabidiol (CBD) é o nome da substância extraída da Cannabis sativa que  vem mudando a vida de crianças pais.
Segundo o psiquiatra e neurocientista José Alexandre Crippa, que é pesquisador do tema e acompanha vários casos da doença de perto, afirma que a  substância possui diversas propriedades benéficas comprovadas no tratamento de esquizofrenia, Parkinson, fobia social, transtorno do sono, diabetes tipo 2 e mesmo na cura da dependência de drogas. “O primeiro estudo brasileiro com o Canabidiol foi realizado entre as décadas de 1970 e 1980 e comprovou o seu efeito anticonvulsivante”, explica. Em alguns casos, o CBD tem os mesmos efeitos que medicamentos controlados, mas com a vantagem de não causar sedação nem vício. “Os efeitos nocivos do CBD são poucos e raramente descritos. Isso abre um leque gigantesco para o uso clínico.”
A substância é uma das mais de 50 ativas na planta e não tem efeito psicotrópico (não “dá barato”, ou seja, não provoca alterações da percepção em quem fuma). Basicamente, ao entrar na corrente sanguínea e chegar ao cérebro, ela “acalma” a atividade química e elétrica excessiva do órgão.
Na direção da Ciência, o Brasil  deu um passo imprtante,embora lento pelo grau de necessidade de quem tem a doença e depende deste tratamento. Fundada em 2017 a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace) sediada em João Pessoa na Paraíba é a primeira e única instituição brasileira autorizada pela Justiça a cultivar maconha para fins medicinais. Além da Abrace, 37 famílias têm habeas corpus concedido pela Justiça para plantar Cannabis, segundo levantamento da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas.

Anvisa aprovou em dezembro de 2019, o novo regulamento para produtos derivados de Cannabis. O texto, de relatoria, elenca os requisitos necessários para a regularização desses produtos no país, estabelecendo parâmetros de qualidade. Na ocasião, a Anvisa ainda decidiu arquivar a proposta de regulamentação do plantio de Cannabis para fins medicinais no Brasil. 

Essa decisão poderá ser revisada em até três anos, sedundo a agência,  justamente em razão do estágio técnico-científico avançado em que se encontram os produtos à base de Cannabis mundialmente. Portanto empresas não devem abandonar as suas estratégias de pesquisas, pois ao que parece é  uma situação de  transição regulatória, uma vez que as propostas para os produtos derivados de Cannabis se assemelham às mesmas estratégias terapêuticas de um medicamento.